terça-feira, 24 de julho de 2012

Peço Silêncio....


Diz o ditado:
"Não grite alto sua felicidade. A inveja tem sono leve".
Mas é uma felicidade que não cabe na alma!
Ele pede segredo, pede silêncio.
E também ocupa tanto espaço que não cabe em mim!
Quer sair, explodir, voar.
Aqueles que nos amam, regozijam-se na nossa alegria,
E os que desejam nosso mal, um anjo da guarda está sempre de prontidão! Está lá, firme, forte, invencível! 
Blindam para que "nem em pensamento possam nos fazer mal".

O que me falta??? 
Mais nada.....
Vivo uma vida totalmente apaixonada!
Por tudo!


"Agora me deixem tranquilo.

Agora se acostumem sem mim.

Eu vou cerrar os meus olhos.

Somente quero cinco coisas,
cinco raízes preferidas.

Uma é o amor sem fim.

A segunda é ver o Outono.
Não posso ser sem que as folhas
voem e voltem à terra.

A terceira é o grave Inverno,
a chuva que amei, a carícia
do fogo no frio silvestre.

Em quarto lugar o Verão
redondo como uma melancia.

A quinta coisa são os teus olhos,
Matilde minha, bem-amada,
não quero dormir sem teus olhos,
não quero ser sem que me olhes:
eu mudo a primavera
para que continues me olhando.
Amigos, isso é quanto quero.
É quase nada e quase tudo.

Agora se querem, podem ir.

Vivi tanto que um dia
terão de por força me esquecer,
apagando-me do quadro negro:
meu coração foi interminável.

Porém porque peço silêncio
não creiam que vou morrer:
passa-se comigo o contrário:
sucede que vou viver.

Sucede que sou e que sigo.

Não será, pois lá bem dentro
de mim crescerão cereais,
primeiro os grãos que rompem
a terra para ver a luz,
porém a mãe terra é escura:
e dentro de mim sou escuro:
sou como um poço em cujas águas
a noite deixa suas estrelas
e segue sozinha pelo campo.

Sucede que tanto vivi
que quero viver outro tanto.

Nunca me senti tão sonoro,
nunca tive tantos beijos.

Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.

Me deixem só com o dia.
Peço licença para nascer.

(Pido silêncio, Neruda)"

terça-feira, 27 de março de 2012

E aqui jaz... não! Aqui VIVE!



Não me perguntem por qual razão, mas hoje, no percurso do trabalho até minha casa, me peguei pensando sobre a morte...
Não nela propriamente dita, mas sobre tudo o que a ritualiza e circunda.
Aliás, não sei dizer o porquê, mas sempre tive uma mórbida curiosidade, como dessas de criança querer bisbilhotar em velório ou apostar caminhar no cemitério.
Enfim....
Pensava sobre as homenagens póstumas.
Porque temos o costume de prestar n mil agradecimentos e homenagens à quem já foi desta pra melhor?
É uma espécie de purificação da consciência, individual ou coletiva!
"Construiu uma linda história, contribuiu para o bem da humanidade, evoluiu e fez com que outros evoluíssem, amou, amou, amou..."
Não quero desvalidar a intenção, mas.... Então tá! Já foi!
Abotoou as paletó.
Seguiu a luz.
Foi-se!

E sei porque isso me incomoda tanto.
Vou dizer: porque não dizemos isso em vida? O que faz com que evitemos convidar ao picadeiro o artista principal enquanto ainda pode se deslumbrar com os aplausos?
Que medo é este que nos aflige e quase paraliza de revelar às pessoas que admiramos porque achamos que são as importantes, ou maiorais, ou fundamentais?

Gosto da visão que os mexicanos tem da morte!
La Muerte....
Frida Kahlo fez o favor de colorir La muerte!

Agora, vamos fazer o favor de colorir a vida?
Quero seguir assim, sem perder a oportunidade de cantar aos quatro ventos a quem admiro, amo, quero bem, valorizo...
Nada de epitáfio....
Nada de aqui jaz, quero aqui "jazz"..... porque vivi PLENAMENTE!